Amar é cansar-se de estar só: é uma cobardia portanto, e uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos) Bernardo Soares, O livro do Desassossego


.
.
.

sexta-feira

A mim ninguém me cala.
Nem me enganam. Basta olhar para alguém uma única vez e sei logo o que se pode esperar.
Experiência de vida. Espirito observador.
Apercebo-me rapidamente quando contam mentiras, quando disfarçam, quando distorcem a realidade. É como que um sexto sentido. Podem aldrabar muita gente mas a mim não me compram.
É por isso que quando falam comigo já sabem que não vale a pena virem contar estórias da carochinha que lhes digo logo. E quando não lhes digo logo, trato de arranjar maneira de eles entenderem que não me enganaram. Numa próxima oportunidade.
Ou então deixo-os aflitos. A remoer. Eles percebem logo que eu sei tudo.
É fácil.
Basta dizer-lhes o que acho. Mas dizendo-lhes que foram outras pessoas que me vieram contar.
Não têm maneira de provar que sou eu que penso assim. E por outro lado ponho-os logo no lugar deles.
Não me enganam.
Quero ver eles dizerem-me na cara que aquilo que eu ouvi e que até lhes faço o favor de contar não é verdade. Que é da minha autoria e que estou a inventar pela boca de outros.
A mim ninguém me cala. Sou muito frontal, o que tenho a dizer digo logo.
Esta é que é a verdade verdadinha.
.
.
.
.

Sem comentários: