Amar é cansar-se de estar só: é uma cobardia portanto, e uma traição a nós próprios (importa soberanamente que não amemos) Bernardo Soares, O livro do Desassossego


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domingo

Anda feliz.
Não tem por que não andar.
Depois de várias portas batidas na cara finalmente alguém lhe reconheceu o valor. O devido. Tardou mas chegou.
Mérito seu.
Todo.
Há que reconhecer a arte onde ela existe. O talento onde ele mora. A musa onde se encanta.
Tudo seu.
Trabalho de muitas noites. Muitas horas de pesquisa. Olhos feridos de tanta luz. E tanta compilação.
Juntar tudo. Pedacinho a pedacinho como quem reconstrói qual cirurgião plástico, um pedaço de pele novo. Com outro retirado de outro corpo.
Claro que não foi chegar e retirar. Assim, sem mais nem menos. Pois é. Muito trabalho. Não foi um roubo, se fosse só tirar era um roubo, mas não foi.
Foi estudar. Sim. estudar. Pesquisar. Seleccionar. Algumas palavras foram substituídas por outros sinónimos para não parecerem exactamente a mesma frase completa. Foi tudo muito bem arranjadinho. Isto dá uma trabalheira. É tirar daqui e depois vai-se a outro lado tira-se dali, juntam-se os dois, dá-se-lhe um incremento com uma frasezita nossa para colar a idéia e por aí fora.
Por aí fora.
Muitas noites.
Muita pesquisa.
Não deixar rasto.
Principalmente.
Mas valeu a pena.
E é tudo inocente.
Não faz mal a ninguém.
E faz-se feliz um poeta.
Pronto.